A paz vem de dentro da gente. Vem da coragem de assumir-se como é, mostrando, em primeiro plano, seus defeitos, suas falhas, sua possibilidade de queda, seus medos e sua vulnerabilidade. Mostrando primeiro aquilo que, via de regra, desagrada.
A paz vem de quando não se tem mais medo de se jogar na vida, se jogar sem amarras, sem redes de proteção, sem medo de sentir-se plenamente preenchido. Sem medo de não se sentir compreendido. Sem medo de frustrar expectativas, apostas, padrões, conceitos pré definidos.
A paz vem da coragem de mostrar que não somos, nem de longe, capazes de definir, como verdade única, o que é o certo e o que é errado, de definir, sempre, qual o melhor caminho, qual a cor preferida, qual a música que mais te agrada, a comida que você mais gosta, qual tempo teve mais importância na sua vida.
A paz vem ainda da coragem de se perdoar. Um perdão que vem de dentro, que é o mais autêntico entre todos, um perdão que acalma, um perdão que se basta. Um perdão que preenche o vazio dos erros, dos arrependimentos, das falhas, das decisões precipitadas, das saudades, das faltas. Um perdão que confirma a necessidade dos erros. Um perdão que exige tanta coragem quanto a de errar.
Sentimentos que, dentro da gente, caminham lado a lado. Caminham juntos mostrando a importância tão essencial que temos de nos refazer, de nos reinventar, de nos reavaliar, de nos olhar de dentro pra fora. Sentimentos que mostram que tão necessário quanto acertar é falhar, e mais do que isso, é aceitar, principalmente, que somos suscetíveis.
E depois de tanto tempo sem escrever, de passar por aqui e tirar de dentro de mim coisas que poderiam ser só minhas, acho que perdi o meu medo, enfim, de errar e de não conseguir me perdoar. Acho que consegui derrubar uma barreira que eu nunca tive...e que foi criada justamente para impedir essa minha coragem de se manifestar. De colocar em palavras, como sempre fiz, alguns dos meus demônios com os quais eu lutro contra...todos os dias.