quinta-feira, 28 de maio de 2015

O preço de todas as verdades

Na semana passada eu estive em uma oficina de jornalismo com Augusto Nunes, da revista Veja. E, independente de qualquer opinião que se tenha sobre a publicação, a mais importante de suas declarações em quatro horas de conversa, no meu balanço, foi "o jornalista deve amar a verdade acima de todas as coisas". De repente, eu parei pra pensar em cada letra dessa frase. E...meu DEUS! Como é verdade e como jornalismo carrega responsabilidade. Jesus de Nazaré. Ainda assim, desde que eu soube que sabia escrever e organizar palavras, soube também que seria jornalista por formação, por vontade, por destino, por paixão. (Verdade, tá na descrição da doida aí do lado -->).

Quando me decidi por essa profissão eu já sabia que seriam muitas horas, dinheiro...digamos, limitado...e um conhecimento que nunca seria o suficiente. Entrei na faculdade de jornalismo e ouvi que, daquele dia em diante, eu jamais poderia dizer "não tenho nada a ver com isso", e foi verdade. E é verdade.

Assim como meus colegas, trabalho mais de dez horas por dia e vejo que, por mais que não pareça, todos, sim...TO-DOS...todos os dias tem uma coisa nova e, consequentemente, uma coisa que eu não conheço, que não sei e que preciso aprender. E rápido, pra ontem.

Mas aqui...dá pra ser melhor do que isso?! Dá pros dias de alguém serem melhores do que preenchidos por levar conhecimento e informação? Orientação e matéria-prima pra formação de uma opinião consistente? Não, não tem. Sim, de repente é mais nobre ser médico e salvar vidas, ser veterinário e salvar a vida de animais fofos, ser advogado e confirmar inocências, ser arquiteto e realizar sonhos e planejamentos, ser fotógrafo e eternizar momentos. Isso é indiscutível.

No entanto, a possibilidade que se tem de abrir a mente das pessoas e fazer com que elas desviem seu foco e comecem a enxergar pela sua visão periférica tem o poder de fazer com que aquela sensação de que o jornalista pode mudar o mundo, por mais romântica e antiquada que seja, invada o seu peito e te encha de esperança. E jornalismo é isso, contar histórias e influenciar nas rotinas de quem quer que seja com informação.

E, como se não bastasse, inventaram a internet e tudo que tínhamos que fazer rápido, e ainda assim de forma consistente e confiável, tomou proporções ainda mais pesadas e abrangentes. A rapidez da informação é item de primeira necessidade pra quem escreve na internet - mesmo para profissionais que, como eu, lidam com assuntos extremamente setorizados, e o grande barato é que o hard news deixou de ser privilégio do rádio e da televisão.

A conclusão? O charme do papel do jornalismo. Mesmo com toda a evolução da profissão (que, acredite, nem sempre é bacana), horas que passam mais rápido em qualquer redação do que em outros espaços, o peso das críticas a que se está sujeito e a fundamental responsabilidade que sem tem com cada vírgula digitada (desde que elas eram datilografadas), o jornalismo mantém em crescimento de seu impacto social, seu papel de catalisador do conhecimento.

Que seja cultivada sempre e incansavelmente a liberdade, afinal, sem ela não tem verdade, não tem informação e, muito menos, qualquer vestígio de um jornalismo sério.

O preço de uma verdade - Tudo isso me veio à mente novamente depois de assistir ao filme de Billy Ray, "O Preço de Uma Verdade". O longa conta a história de um jovem repórter da revista norte-americana The New Republic, uma das mais importantes dos EUA, que forjou vários artigos para se destacar no meio, ganhar notoriedade e antecipar sua carreira.



O preço de uma verdade

O filme é baseado em uma história real e acaba por se tornar material de estudo para qualquer jornalista que gosta de filmes que falem sobre jornalismo em sua essência. Recomendo. Mas não vá pensando que é o novo "Os Homens do Presidente" porque não está nem perto disso (afinal, o caso Watergate ainda é o mais incrível), porém, vale a experiência.


Todos os Homens do Presidente

segunda-feira, 25 de maio de 2015

"O que ela quer da gente é coragem..."



Eu sou uma amante incorrigível de novelas. É, eu já ando falando isso por aí sem medo do julgamento das pessoas...rs! Mas também não é assim, qualquer novela...são aquelas novelas que te permitem ouvir diálogos inteligentes, sabe? Que agregam.

E ouvir Guimarães Rosa hoje na novela das seis foi realmente muito bom depois de tudo o que tem acontecido. Passarmos por fases na vida tornou-se tão inevitável como vivermos um dia após o outro. E elas te mostram que nem sempre vai ser tão fácil ou tão bacana. Mas, melhor do que isso, elas te mostram que, certas vezes, será muito melhor, que será promissor, que será inspirador.

Em Grande Sertão: Veredas, Rosa diz sabiamente: "o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. o que ela quer da gente é coragem". E eu, na minha singela interpretação, entendo que são nessas fases em que a vida vai te exigir coragem. Coragem pra ir ou pra ficar, seguir ou parar, acreditar ou desapegar, amar ou deixar partir.

E o que somos se não formos coragem? E o que somos se não formos coragem além dos dias de inquietude, de guerra, de falta, de desestrutura, de incapacidade? É preciso ser coragem na paz, na calmaria, na plenitude e, sobretudo, na certeza. É preciso se entregar ao correr da vida, se deixar embrulhar...e desembrulhar, e descobrir, se encorajar...e só então sentir tudo aquilo que os seus dias lhe oferecerem.

Só a coragem pode se transformar em alívio. E só o alívio enche o coração e preenche a alma depois do temor.

terça-feira, 28 de abril de 2015

E quando volta?!



Essa é uma das minhas músicas preferidas no mundo. A simplicidade, de repente, é o melhor de tudo. Você não vai se arrepender, vai em frente. 

Eu tenho um amigo, um grande amigo, desses que ainda têm o coração puro de verdade, sabe?! E hoje a gente conversava sobre sentimentos que não morrem e tanta coisa me passou pela cabeça e pelo coração que passei o resto do dia zonza. Senti aquela falta de ar que chega sem dar aviso, uma angústia no peito, o coração apertado e uma confusão de fazer chorar.

E foi então que, pela milésima vez, revisitei meus sentimentos mais antigos, mais desgastados, mais surrados...aqueles mais intensamente vividos, que te causam emoções sem limites, que te transportam, que te fazem acreditar que a humanidade só atingirá seu ápice quando encontrar a solução pra viagem no tempo.

Foi quando eu entendi que é isso: se é verdadeiro fica. E fica de verdade. Pra fazer sorrir, pra machucar, pra dar saudades, pra trazer lembrança. Se for de verdade não tem negócio de tempo, sentimentos são forças que transpõem essas barreiras e arrebatam o coração da gente. E você nunca sabe quando uma coisa dessas vem pra partir seu coração ao meio e levar sua cabeça pra lugares que você nem sabia que podia chegar.

E sentimentos que não morrem te fazem temer o amanhã, tem fazem temer a intensidade que eles terão nos próximos dias. Sentimentos que ficam são os mesmos que te reforçam as mesmas incertezas doloridas e, ao mesmo tempo, te brindam com as sensações mais doces, com as lembranças mais deliciosamente relembradas. Sentimentos que ficam te encorajam, te cobram, te lembram, te revigoram. Sentimentos que não morrem, como disse minha cantora preferida, são como gravidade...eles irão te atrair sempre.

Quando se tem certeza de que nada mais daquilo mexe contigo é quando sua fragilidade vem à tona e o presente fica do tamanhinho de uma seriguela diante da enormidade dos dias que você tem pela frente. Acabou a força, a coragem, a certeza. Acabou a vontade de ir em frente e o desejo de voltar atrás te invade. E tá tudo no chão...planos, projeções, metas, objetivos. E você só enxerga vontade, volta, revisita, re-sentimentos...assim mesmo, separadinhos e juntos, pra mostrar que é de novo e não dolorido.

E então, você se vê, e já suspirando. Olhos transbordando, a mente a quilômetros - ou dias, anos, horas - do seu corpo. Frágil diante de todas as suas memórias, dos seus sentimentos mais comprimidamente alojados para que caibam no seu peito, para que não extrapolem o espaço do coração. Tudo isso porque você, meu bem, carrega e preserva uma história. E, pra mim, somos feitos disso. De, como já escrevi aqui tantas e tantas vezes, de páginas escritas para que sejam lidas como nosso livro preferido ou como aquela caixinha de cartas de adolescente...quantas vezes forem desejadas e sempre que se quiser.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Sobre sermos momentos

Negócio de feriado no meio da semana é sensacional. Na terça-feira, dia de Tiradentes e do meu tio Vavá (que nasceu no dia de celebrar o mineiro mais famoso do Brasil) eu fiquei de plantão, mas trabalhei de casa e isso quer dizer filmes seguidos nos intervalos do agronegócio. E entre as coisas novas me chegou o sensacional "As Vantagens de Ser Invisível". Sobre o filme falo lá na página "Filmografia!", mas o mais importante é o que fica.

Esse filme me trouxe de volta uma das maiores certezas que eu tenho na vida no alto dos meus quase 30 anos: a vida, meu bem, não é mais do que uma alta costura de momentos. Momentos somente. Momentos simplesmente. Momentos pequenos, grandes, importantes, inerentes, singelos. Momentos. E momentos que ficam, que têm que ficar, que merecem permanecer.

"Podemos ser heróis somente por um dia", diz a personagem de Emma Watson de pé, na carroceria de caminhonete enquanto  seu irmão dirige por um túnel. E ela é aquilo e só aquilo, naquele momento, com aquela música, aquele ventinho na cara, aquele sentimento de alma plena que não pode ser repetido - da mesma forma - nem que ela repetisse cada passo.

Muitos defendem aquela coisa de "calma, isso é um momento, vai passar". Já eu defendo o "isso é um momento, viva-o como se fosse o único, o mais importante, o mais especial...tenha o peso que for, pois ele é único". E cada momento tem seu brilho, suas cores - ou a falta delas - suas lições, seus sons, seu cheiro, seu sabor, sua música. Cada momento cria uma cena que nunca irá se repetirá nos dias em que lhe foram destinados nesse mundo.

E defendo essa vivência, sem medo de errar, até mesmo para os momentos ruins, difíceis, pesados. Mesmo para aqueles que você gostaria de não tê-los vivido e de que acha que eles não merecem um espaço na sua história, nas estantes do seu arquivo. Não revivê-lo, relembrá-lo, revisitá-lo não significa exclui-lo.

Você é, afinal, ou seu sou...já que não posso generalizar...a organização de todos esses momentos, como degraus que você foi subindo dia após dia, obstáculo após obstáculo, conquista após conquista. Seus momentos são seus, são as sensações que você quer viver pra sempre, são as lembranças intocadas, são até mesmo aqueles minutos que lhe fazem sofrer e então você as deixa ali, no fundinho do coração, só pra você.

Você é momento de choro, de riso, de aniversário com gosto de brigadeiro, de saudade com gosto de beijo, de saudade com som de risada da melhor amiga, de saudade com cheirinho de mãe, de casa, de comida de vó. Eu sou momento de intensidade, de raiva, de sensibilidade, de novos sabores, de alegria desmedida, de riso incontido, de lágrimas inevitáveis, de dor, de perda. Eu e você somos momentos que merecem ficar. Sempre. E pra sempre.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Cara, ele é rei! *-*


Sugiro que você dê o play nesse vídeo antes de começar ler o texto a seguir. 1969 e Roberto Carlos mandando muito de cartola, calça boca de sino e um óculos de sol sensacional cantando sua música que é a minha preferida. 


Quantas vezes você já se pegou cantarolando um canção do Roberto Carlos?! E não diga nunca porque eu não acredito...mesmo...nem por um cacete! (Pode falar essa palavra? Pode sim!) O cara não tem o título de Rei à toa, não é mesmo?!

Eu sou adepta mais do que assídua do Spotify e quando vi que o Roberto Carlos era um dos últimos lançamentos eu pirei! Fui correndo ouvir a playlist e percebi que eu sabia cantar todas as músicas, que algumas delas me faziam lembrar de alguns momentos importantes da minha vida e outras até me emocionavam. Verdade! E te falo, quase tudo o que sei sobre isso aprendi ao ver uma de suas maiores fãs, mais comumente chamada por mim de mãe, totalmente fascinada pelo carisma e por essa que só ele tem quando começa a cantar.

Sim, eu só tenho 30 anos e acho que isso, ou o meu caso, é um exemplo de como boa música atravessa gerações sem barreira. Me dei conta de que como Elvis, os Beatles ou até mesmo o Coldplay (pra dar um exemplo mais recente e não entregar tanto a minha idade!!), Roberto teve fases, ainda constrói outras novas - por menos que isso seja visível - e eu gosto de todas elas.

 Pô, o cara liderou o movimento da Jovem Guarda - ao lado de mais um montão de gente boa - teve seus momentos de parcerias muito legais, canta em vários idiomas, já cantou em inúmeros países, para figuras importantes, em momentos emblemáticos e, cá entre nós, relata o amor melhor do que qualquer outro artista. O cidadão é tão, mas tão da hora que ele tem um CRUZEIRO dele. Qué isso, gente?! Ele foi muito legítimo quando fez "Esse Cara Sou Eu", porque ele é mesmo! Quer mais?! Ele tem um especial na Rede Globo e pode sair tudo da grade de programação...menos isso. 

Tenho um tio - o insuperável tio Dido com sua guitarra SENSACIONAL - que também era um cara massa da Jovem Guarda, com uma banda chamada The Virginians, e tocou com o Roberto. Quer melhor experiência do que essa? Quer melhor nessa vida do que ter participado de uma época em que se cantava "Vejam só que festa de arromba / no outro dia eu fui parar / presentes no local o rádio e a televisão / cinema, mil jornais, muita gente confusão" (Salve Erasmo, a prósito...essa letra é dele!!)?! E as botas no joelho com o cabelo escovado pra fora?! Os anos passados, dessa e de outras épocas em que Roberto esteve foram dourados. Mesmo.



Não sei que tipo de pessoa esse cara é assim, no dia a dia. Sabemos que hoje ele faz chapinha no cabelo, só veste azul e branco, não tem uma perninha e talz...mas alguém se importa?! O cara ainda é amado, admirado e vai ficar aí pra sempre, pra posteridade, colocando músicas pra você cantarolar o dia todo. Roberto, como é grande o meu amor por você! Assim mesmo, no clichezão.

domingo, 12 de abril de 2015

Sobre nutrir sua inspiração

Sempre me pergunto onde eu posso garantir que minha inspiração siga evoluindo e eu possa continuar com qualquer coisa que seja. Projetos, planos, a construção da minha família, da minha carreira...eu preciso sentir diariamente que vale a pena continuar, que vale a pena caminhar para frente. E então, eu entendi que basta parar cinco minutos, em silêncio e olhar ao redor.

De repente dá pra entender que, pra começar, você já pode ser uma inspiração pra você mesmo. Querer acordar no dia seguinte só pra saber o que a vida de te reservou pro dia seguinte é coragem, é respeito pela vida, pelas chances que lhe são oferecidas e que podem, facilmente, serem transformadas em oportunidades.


A seguir, inspire-se nas pessoas que também lhe transmitirem essa sensação de frescor, de novidade, de vitalidade. Inspire-se nos exemplos ao seu redor, nas histórias a sua volta, na comunidade que te cerceia e de lá, certamente, sairão boas coisas. Sairá uma vontade de fazer sempre mais e melhor.

Lembre-se dos seus amigos, de pessoas que te motivam, que te acreditam, que te lembram. Lembre-se daqueles amigos com quem você poderia passar horas e horas recordando momentos marcantes, lembre-se dos tais momentos marcantes e tome-os como combustível para a criação de novos e muitos outros. Esteja com pessoas de bem. Esteja com o bem, ele é a porta para dias melhores.

E não espere. Jamais. Não projete, não exija de ninguém nada que você não possa oferecer. E assim, sua inspiração estará ali, sendo nutrida e bem tratada dia a dia. A cada novo dia, a cada novo momento, a cada nova nota, a cada nova risada ou palavra. A cada atitude que você tomar. A cada novo passo.


E ouça muita música sempre. Isso é um conselho que serve, meu bem, para qualquer coisa, qualquer dia, horário ou estado de espírito. :)

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Sem metas, sem prazos, só vontade

E então, em uma conversa total e completamente despretenciosa com uma amiga - que tem o nome mais legal dessa vida, Sandy (do Grease, por favor, e não do Junior) - que eu percebi que essa coisa de ter que escrever pra algo, pra alguém ou para o que fosse era completamente desnecessário. Entendi, me parece que de uma vez por todas, que quando organizo essas poucas linhas aqui, é pra mim que escrevo, é pra mim que falo em pensamento. São as minhas memórias sendo preservadas pra mim e tão somente.

Mas, como toda boa jornalista, escolhi fazê-lo em um espaço aberto, onde eu possa compartir com pessoas que de repente se identifiquem com esse mundo surreal que é a minha cabeça meus sonhos, minhas lembranças e meus desejos. Mesmo os mais bobos, os mais esquisitos.

Estão aqui as dores, os orgulhos, as conquistas, mas acima de qualquer coisa, estou eu. Uma Carla Carolina de Oliveira Mendes Carvalho e agora Nako que, às vezes, confesso, até eu desconheço, mas que almejo. Ou que detesto, mas que é necessária, ou passageira. Sou eu como não consigo ser em mais lugar nenhum. Aqui estou em casa.

Mesmo que a todo momento eu entenda que as coisas não podem ser adiadas pra sempre, esse não é meu ponto forte e nem de longe minha melhor qualidade. Sou relapsa, distraída, mas sempre digo que voltei pra ficar. Dessa vez vai ser diferente. Digo que esse é um espaço meu e quem vai ser sempre que eu quiser e que se você passou por aqui, volte. Porque eu estou sempre com alguma coisa nova dentro de mim.