segunda-feira, 14 de março de 2011

Infinitos lados

Todo mundo tem dois lados. Ou mais. Facetas que podem ser desenvolvidas, pode se nascer com elas ou a necessidade pode criá-las, sem que você as deseje ou que mesmo as autorize surgirem dentro de você. Como diz o clichê, ninguém é totalmente bom ou completamente ruim. Lutamos dia a dia com nossos demônios, tentando encontrar e entender qual seria nosso melhor lado.

Que fique claro que são lados opostos, sempre. Bom e ruim, engraçado e sem graça, bem humorado e mau humorado, feio e bonito, sereno e nervoso. São esses lados que nos fazem seres humanos complexos, interessantes e tão preocupantemente voláteis. Somos criaturas completamente instáveis, sensíveis à ofensas, a cutucadas, a chacoalhões a verdades jogadas na cara.

Somos frutos da criação de um ser perfeito que, certamente tem um propósito para toda essa nossa inconstância, para todas as nossas volatilidades. Somos seres extremamente complexos e aposto que seríamos bem menos interessantes caso fôssemos unilaterais, passivos e estáveis. Seríamos chatos e possivelmente não nos entenderíamos tão bem.

Todos esses nossos lados nascem pra dar vida àquilo que sentimos. E eles nascem aos pares para que possam demonstrar tristeza ou alegria, raiva ou afeto, bom ou mau humor, força ou fraqueza, coragem ou temência, e todos os turbilhões de coisas que sentimos desde o momento em que nos levantamos da cama até o momento em que, exaustos, voltamos pra ela.

O melhor exemplo do nascimento de lados veio com esse terremoto que devastou o Japão. Os japoneses estão fazendo florescer seu lado da força, da coragem, da renovação, do acreditar, do apostar as fichas. Será preciso engolir a seco que o passado não só ficou pra trás como não existe mais, foi dizimado e recuo junto com o mar, foi embora junto com o tremor que durou menos, bem menos do que a construção daquela potência.

Às vezes, é assim que nos sentimos. Obrigados a tirar de lá do fundo o lado da renovação, da coragem pra encarar uma reconstrução...e como é difícil. Às vezes é preciso gritar, berrar, sentir com intensidade, chorar até começar a soluçar, dizer todos os palavrões que se conhece...às vezes é preciso deixar o seu lado tenso se sobressair para que ele não dure muito.

É melhor que ele seja mais intenso, mais vívido, mais colorido do que duradouro. É melhor que ele vá com a mesma rapidez que veio. É melhor que quando ele aparecer, doa de uma vez, como temos que arrancar um pedacinho de esparadrapo. É melhor que ele chegue, se faça presente, cumpra sua missão e só volte em outra ocasião extremamente necessário.

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