terça-feira, 10 de maio de 2011

Era muito melhor...


Era bem mais divertido ser criança antigamente. Alguém cantar "gorda, baleia, saco de areia" era uma parte de sua vida escolar e não bullying. Escutar isso não fazia de você um atirador, mas só um gordinho engraçado. Daqueles em que as máscaras de flor da chegada da primavera não cabem nos rostinhos e os uniformes são tamanho 16 quando se tem 10 anos.

A comida era a mesma, porém menos mortal do que se julga hoje. Pô, a gente molhava um pirulito no açúcar antes de chupar. Alô você que amava um Dip Link. A gente comia algodão doce e só ficava com a boca grudando e não entrava pra índice de obsesidade infantil.

Ouvir Xuxa não fazia de você um otário entre as outras crianças. Isso porque elas ouviam Mara Maravilha, Angélica ou Trem da Alegria. Criança ouvia e cantavam “e todos gritam pega, estica e puxa... e viva a festa da Xuxa”. Hoje essas palavras são só usadas em letras de funk, inclusive a palavra Xuxa. Crianças não choravam amores perdidos, corações partidos e nem desilusões.

Crianças iam pra escola de uniforme, não de microshorts jeans, chapinha no cabelo e havaianas. Massa mesmo era usar tênis de luzinhas e ver quem fazia piscar mais tempo pisando mais forte. Os meninos usavam cuecas do He-Man (me lembro dessa do meu irmão), mas não queria mostrá-la pra todo mundo e não ficavam com a calça no meio da bunda. Usávamos calças de moletom, conjuntinhos e eventualmente uma calça jeans daquelas com elásticos na parte de trás da cintura, pra te envergonhar nas fotos que você vê hoje.

Usávamos rabo de cavalo, trança, maria chiquinha e nenhuma maquiagem, só as bochechas naturalmente rosadas. Minto, usávamos maquiagem sim...nas festas juninas, pintinhas feitas de lápis de olho. E os meninos?! Eles nem conheciam pentes! Hoje, eles querem é chapinhas mesmo! Hoje essa molecada só quer jeans colorido, óculos maiores que as caras, bonés em cima das orelhas com a aba reta, delineador escorrido e cabelo esticado na testa.

Comíamos arroz, feijão, bife e batata bem frita e estamos vivos até hoje. Não tinha essa de arroz integral, carne branca e escambal.

Não diziamos ao cara mais gato da escola, que ele era O cara por tweet, scrap ou mensagens no Face! O bom mesmo era escrever cartinhas,caprichar na letra, fazer coraçãozinho e ser bem brega. Era “bom” até vê-los rindo com os amigos, rasgando as cartinhas e sentir o coração quebrando.

Não fazíamos bico e nem tirávamos foto em frente ao espelho querendo ter 15 anos a mais. Não íamos em balada., íamos nas matinês de domingo e nas festas de aniversário, e o ápice da noite (que terminava no máximo ás 22h) era a hora da salada mista.

Tomávamos coquetel de frutas...sem álcool. Nada de vodka, nada de “breja", nada de ficar de porre, nada de experimentar o que não era da nossa hora. Não pegávamos, paquerávamos e ficávamos quando dávamos aquela sorte. Não se saia por aí colocando a língua em qualquer lugar. E digo sorte porque sempre fui a gordinha da turma, mas dei a sorte de conversar com caras bacanas que viram além disso. E sim, as gordinhas eram achincalhadas e excluídas, o que digo novamente, não fez de mim uma “tiros em Columbine”.

Mãe era mãe, pai era pai, e não véio, véia, a chata,o insuportável. Não se tinha a opção de ir ou não almoçar na casa dos seus avós aos domingos, se acompanhava os pais e pronto,mesmo que fosse naquele bingo beneficente.

Não tínhamos vergonha de bexigas em festas de aniversário...festas que aconteciam no seu quintal ou no salão de festa do seu prédio. Não queríamos fazer a festa num baile funk, com DJ e um bartender.

E o melhor de tudo é que, apesar de termos sido, não queríamos ser iguais uns aos outros. Não queríamos ser repetidos, não tínhamos pressa de ser o que não éramos.

2 comentários:

Unknown disse...

Muita saudade de um tempo que não volta! Não tínhamos essa pressa que hoje toma conta da molecada, que aliás, está cada vez mais perdida, mais alienada. Dizem que o futuro está nas crianças, nos jovens...isso me dá medo sabia?!
Lindo texto! BjoBjo!

C. disse...

ahh que texto perfeito, e mais uma vez você conseguiu escrever tudo o que eu já senti e quis transformar em textos. Não sabe o bem que me faz ler tudo isso, de verdade, eu me emociono sempre. Beeejos, Parabéns pelo Blogg *-*